Efeitos no Consumo e no Crédito no Brasil em 2025
O ano de 2025 trouxe consigo uma série de desafios e incertezas para a economia brasileira. Com a taxa de juros ainda em patamares elevados e a inflação controlada, os reflexos sobre o consumo das famílias e o crédito disponível no mercado se tornaram temas centrais nas discussões entre economistas, empresários e consumidores.
O consumo interno, responsável por mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), vem mostrando sinais claros de desaceleração. A cautela do consumidor brasileiro, influenciada pelo alto custo do crédito e pela instabilidade econômica, está reduzindo as compras de bens duráveis, viagens e até mesmo serviços considerados essenciais, como saúde e educação privada.
Um dos principais fatores por trás desse cenário é a taxa básica de juros (Selic), mantida em 10,5% pelo Banco Central. Com esse patamar, o crédito pessoal, os financiamentos e os parcelamentos no cartão de crédito se tornaram mais caros e menos acessíveis. As instituições financeiras passaram a adotar critérios mais rigorosos na concessão de crédito, o que impactou principalmente as classes média e baixa.
No setor imobiliário, por exemplo, houve uma redução significativa no número de financiamentos aprovados. As parcelas mais altas e a exigência de entradas maiores desestimulam novos compradores, principalmente aqueles que pretendem adquirir o primeiro imóvel. O mesmo ocorre no setor automobilístico, que historicamente depende do financiamento para impulsionar as vendas.
As empresas, por sua vez, também estão enfrentando obstáculos. Com menos consumidores comprando e um crédito empresarial mais restrito, os investimentos em expansão e inovação foram postergados. O resultado é um ambiente de crescimento lento, marcado por cortes de custos, contenção de gastos e busca por eficiência operacional.
Apesar do cenário desafiador, alguns setores demonstram resiliência. O mercado de serviços, especialmente aqueles voltados para o turismo interno e lazer de baixo custo, vem conseguindo manter um ritmo de crescimento. Aplicativos de delivery, pequenos comércios e produtos com boa relação custo-benefício ainda encontram espaço, mesmo com a queda geral do consumo.
O crédito consignado e o crédito direto ao consumidor (CDC) continuam sendo os mais utilizados pelos brasileiros. No entanto, com a inadimplência em leve alta, bancos e financeiras estão mais conservadores. Isso cria um ciclo preocupante: menos crédito → menos consumo → menor crescimento → menor geração de empregos.
Para reverter essa tendência, especialistas apontam a necessidade de uma política monetária mais flexível nos próximos meses, desde que os indicadores fiscais permitam. Além disso, programas de incentivo ao crédito produtivo e políticas de educação financeira podem ajudar a restaurar a confiança do consumidor e reativar o mercado interno.
A expectativa para o segundo semestre de 2025 é que, caso a inflação permaneça dentro da meta e a dívida pública siga controlada, o Banco Central possa iniciar uma redução gradual da taxa Selic. Com isso, o crédito tende a ficar mais acessível e o consumo, mais dinâmico, impulsionando novamente a economia brasileira.
Enquanto isso, os consumidores seguem cautelosos, planejando melhor suas compras e evitando dívidas de longo prazo. O cenário atual exige paciência, estratégia e foco em escolhas conscientes, tanto por parte das famílias quanto dos empresários. Até que haja um sinal mais claro de recuperação econômica, o consumo no Brasil seguirá em marcha lenta — e o crédito continuará sendo um recurso escasso e seletivo.